sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Eterna Confusão

Palavras vãs em doces expressões,
passos largos em direção ao nada.
Corações fortes quebrados de paixão.
Mentiras verdadeiras eivadas de razão.

Somos assim: o real paradoxo,
o último e o primeiro,
a dor e a alegria.
Somos o mundo desconexo.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Imediatismo

Esta é – sem dúvida – a época do fast. Todos querem tudo pra ontem, não se pode mais esperar por nada, prefere-se comer cru a deixar de ser apressado. As músicas não têm mais nenhuma carga emotiva, são medidas por velocidade: um, dois, três . . . Adolescentes não sabem o que é respeito, ninguém sabe o que é respeito. Perde-se um amigo; a piada, jamais. Os sentimentos estão acelerados, as sensações são superficiais. Trabalha-se muito, vive-se pouco. Os relógios parecem loucos, o tempo não para. As piscinas estão cheias de ratos, baratas e outros bichos, mas não há tempo para limpá-la. Perdeu-se a beleza, a sinceridade, a alegria, a verdade. Fala-se muito em uma tal crise político-econômico-financeira; há, entrentanto, uma crise bem maior: a crise de identidade. Na busca desenfreada por emoções, sacia-se a gula com fast-foods, sacia-se a luxúria com fast-fodas; e a angústia provocada pelo vazio aumenta em proporções exponenciais. Não se entende que o sentimento do nada “dentro” da alma é provocado pela falta de amor. A vida vai passando, emoções se esvaindo, corações que se partem, dores incontestavelmente provocadas pelo desejo imediato – saciado ou não.