Mais uma vítima fatal da violência urbana. Indignado? Sim, claro. Não se pode achar natural a morte de um jovem de dezenove anos, jogador de futebol, com um futuro pela frente – clichê dizer isso de futuro. Clichês ditos nascem de ações-clichê. A violência está dando tapas em nossas caras todos os dias e dizendo: perdeu! Sinto-me como em uma guerra em que soldados de duas forças se atacam sem saber os motivos. Entretanto, os motivos são óbvios; de um lado os que vivem uma vida certa (trabalhando, estudando e vivendo em seus mundos), de outro, a vida não tão certa, daqueles que não se conformam com sua situação e revoltados, atiram contra a vida. Matam, porque querem morrer, para não ter que ver a “felicidade” dos outros que têm uma vida “normal”. Complexo: de quem é a culpa? Enquanto não se conclui, ficamos assim: perdeu mano, perdeu!

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
sexta-feira, 14 de janeiro de 2011
Eterna Confusão
Palavras vãs em doces expressões,
passos largos em direção ao nada.
Corações fortes quebrados de paixão.
Mentiras verdadeiras eivadas de razão.
Somos assim: o real paradoxo,
o último e o primeiro,
a dor e a alegria.
Somos o mundo desconexo.
quinta-feira, 6 de janeiro de 2011
Imediatismo
Esta é – sem dúvida – a época do fast. Todos querem tudo pra ontem, não se pode mais esperar por nada, prefere-se comer cru a deixar de ser apressado. As músicas não têm mais nenhuma carga emotiva, são medidas por velocidade: um, dois, três . . . Adolescentes não sabem o que é respeito, ninguém sabe o que é respeito. Perde-se um amigo; a piada, jamais. Os sentimentos estão acelerados, as sensações são superficiais. Trabalha-se muito, vive-se pouco. Os relógios parecem loucos, o tempo não para. As piscinas estão cheias de ratos, baratas e outros bichos, mas não há tempo para limpá-la. Perdeu-se a beleza, a sinceridade, a alegria, a verdade. Fala-se muito em uma tal crise político-econômico-financeira; há, entrentanto, uma crise bem maior: a crise de identidade. Na busca desenfreada por emoções, sacia-se a gula com fast-foods, sacia-se a luxúria com fast-fodas; e a angústia provocada pelo vazio aumenta em proporções exponenciais. Não se entende que o sentimento do nada “dentro” da alma é provocado pela falta de amor. A vida vai passando, emoções se esvaindo, corações que se partem, dores incontestavelmente provocadas pelo desejo imediato – saciado ou não.
domingo, 21 de novembro de 2010
Um objeto
Linda, um corpo escultural.
Perfeitos pele e cabelos.
Olhos – penetrantemente – verdes.
Boca carnuda, mais que sensual.
Mulher de vários.
Mulher de muitos.
Mulher da noite.
Não soube vender bem,
saiu no prejuízo.
Pouco inteligente,
gastou mal.
Eles só queriam usá-la.
Eles só queriam diversão.
Símbolo de prazer.
Simplesmente um objeto.
O tempo passou,
a fonte secou.
Você se tornou:
um velho chinelo.
sábado, 23 de outubro de 2010
Pobre dos meus versos
O vento que traz a alegria,
pode levar a saudade.
A paixão que leva à loucura,
pode curar a insanidade.
Versos pobres de rimas fáceis,
às vezes, não seduzem.
Poesia amarrada a regras
é coisa de fraco.
Não quero convencer.
Só quero cantar o meu amor,
a minha alma, os meus delírios.
Sou órfão de dor,
se vivo o horror.
Um dia, estarei livre.
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
História de uma noite dela
Ela saiu à procura de fortes emoções, não importariam as consequências. Afinal, viver é muito mais que respirar. Correr riscos é uma excelente forma de se sentir viva, além de ser uma necessidade intrínseca à natureza humana.
“Esmalte vermelho, tinta no cabelo, os pés no salto alto, cheios de desejo...” – até parece música, era assim que ela se sentia. Não só os pés cheios de desejo, todo o corpo fervia. Resolvera ir ao local mais badalado do momento; onde estariam, na opinião dela, os homens mais bonitos. Quis ir de táxi, se esbaldaria de todas as formas, não seria prudente dirigir na volta. Não ofereceria resistência, nada de se colocar em posição de superioridade, aquele que usasse as armas certas e a soubesse seduzir, teria a mais louca noite. Ela não suportava a ideia de se envolver com homens baixos, então apenas uma coisa era essencial: um metro e oitenta de altura, no mínimo. Os muito gordos também não eram bem vindos.
Chegando, elegantemente, portou-se. Olhou para todos os lados e se sentiu no lugar certo, havia bastantes homens bonitos. As mulheres estavam muito básicas, ela era a melhor. Começou a observar os homens.
O primeiro estava com amigos, um comportamento sério, vestido com camisa de botão de cor escura e usava um belo par de óculos. Começou a olhá-lo com mais frequência, os gestos e a postura com que se colocava na cadeira era algo imprescionante; nada, contudo, é perfeito. Disfarçadamente, ele levou o dedo ao nariz e o rodou na fossa nasal como um boçal; desceu o dedo, imaginado não ser observado, passou-o na parte de baixo da cadeira. Nada pior poderia ter acontecido, higiene é o mínino que se espera de um homem.
Ela virou o corpo e deparou-se com um garotão, deveria ter uns vinte e cinco anos. Braços torneados, dançando bem e muito animado, centro da atenção de muitos, possivelmente o mais querido da galera. Resolve, então, aproximar-se dele. Dançou de forma a encantá-lo e conseguiu, em menos de três minutos, lá estava ele ao lado dela. Chegou e sorriu, dentes brancos e bem alinhados. Bastou um “boa noite” para que ela percebesse que aquela voz era maravilhosa. Imaginou mil coisas, principalmente escutar, em um momento íntimo, daquela voz, poesias ao pé do ouvido. A conversa se estendeu por mais alguns minutos; quando ele disse uma asneira sem precedentes. Não há nada mais aterrorizador que um erro de concordância. O encanto se quebrou!
Não era, ainda, momento de desistir. A noite mal começara, algo de bom deveria acontecer. Pensando estar muito sóbria, resolveu beber algo diferente: um bom uísque a faria ser menos exigente. Afinal, não estava ela ali à procura de um príncipe encantado e sim de um homem que, não sendo um sapo, pudesse proporcioná-la momentos de prazer. Foi então que, já um pouco alterada pela bebida, começou a dançar freneticamente. Seu corpo, mal coberto pelo minúsculo vestido, captou todos os olhares. Dois homens começaram a dançar ao lado dela, passando a mão por suas curvas e a deixando louca. Ela pensou ter encontrado o que queria, em dose dupla. Animada pelas belas companhias, dançou mais perto dos dois; provocando-os com olhares, gestos e toques. O dedinho indicador no canto da boca era infalível. Algo estava errado, ainda que fossem excelentes dançando, uma reação não ocorrera em ambos: o tão esperado volume anatômico. A essa altura da noite, muitos casais haviam se formado, e ela ali estava com dois homens, que não valiam por um.
Decidiu então se acabar na bebida e na dança, não perderia a noite pelo fato de não ter encontrado o que queria. Às quatro da madrugada, resolveu voltar para casa. A dupla de amigos a deixou na porta do prédio e se despediram dela com um beijinho na bochecha e um forte aperto de mão.
Estava ela ali, em frente ao seu espelho, testemunha de tantas promessas de prazer, agora testemunha da decepção: uma mulher bonita, inteligente e sozinha.
sábado, 11 de setembro de 2010
Nove anos depois
Completam-se, hoje, nove anos do atentado às torres gêmeas – World Trade Center – em Nova Iorque. Muito se disse nesse período, contudo poucos esforços no sentido de analisar imparcialmente o acontecido. Fruto de um ataque terrorista, a queda das torres representa muito mais do que a guerra entre o islamismo fundamentalista e o capitalismo fundamentalista. Nada justifica tamanha barbárie, entretanto sabe-se, agora, que os Estados Unidos da América não são onipotentes, são vulneráveis a ataques como qualquer outra nação. Alguns pontos deveriam ter sido melhor debatidos, como a necessidade de intervenção americana em outras nações sob o pretexto de garantir a “autonomia” dos países. Está claro que os interesses são outros. Sobre o fundamentalismo, que “não é uma doutrina, mas uma forma de viver e interpretar a doutrina”, como afirma Leonardo Boff em “Fundamentalismo”, sabemos que o capitalismo é muito mais selvagem que qualquer outra doutrina, seja ela econômica ou religiosa. Um das cidades mais bonitas e ricas do mundo, Nova Iorque, teve seu momento de guerra, o símbolo do imperialismo econômico americano caiu, mas ainda sim, hoje, nada mudou no panorama mundial em relação à visão que se tem dos islâmicos; haja vista um pastor protestante querer queimar o alcorão. Muitas coisas têm que ser repensadas no mundo moderno, não vivemos mais em cavernas. Queimar alcorão, chutar imagem de santa, chamar de demônio os deuses dos outros não são atitudes racionais. O início de tudo está em aceitar as diferenças e saber que há outros modos de viver. Não somos todos iguais, seria muito ruim se fossemos. Muitos já lutaram em diferentes partes do mundo para que pudéssemos enxergar a importância de se conviver sem lutar. Gandhi, Mandela, Luther King são alguns exemplos. Há muitas pessoas que pensaram diferente e fizeram diferente. O homem moderno desbrava o universo, a consciência humana ainda não inventou a roda.
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