Coração bandido e vagabundo,
impresciona-se facilmente.
Não entende a dinâmica
do mundo e das paixões.
Vive alegremente
como uma criança.
À procura de emoções,
cai - cansado - no chão.
Desesperado e sujo de lama,
não ouve os conselhos da mente.
Só quer sentir calor e
bater forte, descompassado.
Iludido, acredita.
Ama muito, confia.
Sente, sorri e chora,
grita, entrega-se.
Não importa como,
não há porquês.
Para se sentir vivo,
somente algo: arritmia.
terça-feira, 26 de abril de 2011
quinta-feira, 31 de março de 2011
Intolerância
É estarrecedora a forma como se portou o deputado Jair Bolsonaro, que é integrante da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal, no programa CQC, na última segunda-feira. A Constituição, em seu artigo primeiro, elenca os princípios que regeram a sua redação; dentre eles, a dignidade da pessoa humana. Sendo assim, um deputado – que, constitucionalmente, tem a função de zelar pelo cumprimento da Carta Magna – falhou gravemente em sua função. Suas palavras demonstram um sentimento de superioridade em relação à raça negra, tem nuances de um neonazismo debochado que ataca sabendo que não haverá punições. Em sua resposta à cantora Preta Gil, associou a raça negra à promiscuidade, além de ter ofendido a família da cantora:
Preta Gil: Se seu filho se apaixonasse por uma negra, o que você faria?
Bolsonaro: Preta, não vou discutir promiscuidade com quer que seja. Eu não corro esse risco, e meus filhos foram muito bem educados e não viveram em um ambiente como, lamentavelmente, é o teu.
A honrada família baiana, da qual Preta Gil faz parte, é encabeçada por Gilberto Gil, um homem de mente livre, destituído de preconceitos, um artista que muito acrescentou à cultura brasileira. A formação familiar de Preta Gil foi, indubitavelmente, mais sólida que a que tem o filho de Bolsonaro. As idiossincrasias da cantora são um capítulo à parte e devem ser respeitadas, o que não se pode negar é que o discurso dela, nas muitas vezes em que ela vem ao público, é agregador, percebe-se um sentimento de amor que transborda, uma vontade de ser feliz, algo que inspira. O sentimento produzido pelas palavras do deputado devem ter ferido muita gente. Em mim, causou um misto de revolta e nojo. O pior é ter certeza de que, daqui a alguns dias, ninguém mais falará no assunto, e os deputados continuarão se lixando conosco, os “eleitolos”.
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
Perdeu mano, perdeu!
Mais uma vítima fatal da violência urbana. Indignado? Sim, claro. Não se pode achar natural a morte de um jovem de dezenove anos, jogador de futebol, com um futuro pela frente – clichê dizer isso de futuro. Clichês ditos nascem de ações-clichê. A violência está dando tapas em nossas caras todos os dias e dizendo: perdeu! Sinto-me como em uma guerra em que soldados de duas forças se atacam sem saber os motivos. Entretanto, os motivos são óbvios; de um lado os que vivem uma vida certa (trabalhando, estudando e vivendo em seus mundos), de outro, a vida não tão certa, daqueles que não se conformam com sua situação e revoltados, atiram contra a vida. Matam, porque querem morrer, para não ter que ver a “felicidade” dos outros que têm uma vida “normal”. Complexo: de quem é a culpa? Enquanto não se conclui, ficamos assim: perdeu mano, perdeu!
sexta-feira, 14 de janeiro de 2011
Eterna Confusão
Palavras vãs em doces expressões,
passos largos em direção ao nada.
Corações fortes quebrados de paixão.
Mentiras verdadeiras eivadas de razão.
Somos assim: o real paradoxo,
o último e o primeiro,
a dor e a alegria.
Somos o mundo desconexo.
quinta-feira, 6 de janeiro de 2011
Imediatismo
Esta é – sem dúvida – a época do fast. Todos querem tudo pra ontem, não se pode mais esperar por nada, prefere-se comer cru a deixar de ser apressado. As músicas não têm mais nenhuma carga emotiva, são medidas por velocidade: um, dois, três . . . Adolescentes não sabem o que é respeito, ninguém sabe o que é respeito. Perde-se um amigo; a piada, jamais. Os sentimentos estão acelerados, as sensações são superficiais. Trabalha-se muito, vive-se pouco. Os relógios parecem loucos, o tempo não para. As piscinas estão cheias de ratos, baratas e outros bichos, mas não há tempo para limpá-la. Perdeu-se a beleza, a sinceridade, a alegria, a verdade. Fala-se muito em uma tal crise político-econômico-financeira; há, entrentanto, uma crise bem maior: a crise de identidade. Na busca desenfreada por emoções, sacia-se a gula com fast-foods, sacia-se a luxúria com fast-fodas; e a angústia provocada pelo vazio aumenta em proporções exponenciais. Não se entende que o sentimento do nada “dentro” da alma é provocado pela falta de amor. A vida vai passando, emoções se esvaindo, corações que se partem, dores incontestavelmente provocadas pelo desejo imediato – saciado ou não.
domingo, 21 de novembro de 2010
Um objeto
Linda, um corpo escultural.
Perfeitos pele e cabelos.
Olhos – penetrantemente – verdes.
Boca carnuda, mais que sensual.
Mulher de vários.
Mulher de muitos.
Mulher da noite.
Não soube vender bem,
saiu no prejuízo.
Pouco inteligente,
gastou mal.
Eles só queriam usá-la.
Eles só queriam diversão.
Símbolo de prazer.
Simplesmente um objeto.
O tempo passou,
a fonte secou.
Você se tornou:
um velho chinelo.
sábado, 23 de outubro de 2010
Pobre dos meus versos
O vento que traz a alegria,
pode levar a saudade.
A paixão que leva à loucura,
pode curar a insanidade.
Versos pobres de rimas fáceis,
às vezes, não seduzem.
Poesia amarrada a regras
é coisa de fraco.
Não quero convencer.
Só quero cantar o meu amor,
a minha alma, os meus delírios.
Sou órfão de dor,
se vivo o horror.
Um dia, estarei livre.
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